17.11.12

Branding da ostentação

Mapa da mina, a internet é onde vemos a cultura que não passa no rádio ou na TV (ainda?). Monitorando-a, encontramos pistas sobre novos mitos de identidade, matéria-prima do branding hipercultural.

O funk de ostentação não está em nenhuma das produções estilo periferia ou nova classe média da Globo, mas bomba no Youtube com sucessos como Onde eu chego paro tudo (20 milhões de views), Plaquê de cem (16 milhões de views), É o fluxo (2 milhões de views em pouco mais de um mês) e a Mulher do poder (quase 4 milhões de views desde junho).

O que há de peculiar no estilo? As letras são verdadeiros inventários de grifes e marcas de luxo. Konrad Dantas, o produtor por trás dos maiores sucessos, revela em uma matéria do jornal O Globo: "Acredito que registramos o cotidiano das ruas de São Paulo, muitos carros de luxo e joias já existiam nas comunidades da capital, o que fizemos foi retratar essa realidade e apresentar ao Brasil [...] É normal que as pessoas de todas as classes sociais tenham sonhos de consumo, o que move o capitalismo é exatamente isso".

Branding da ostentação: grifes e marcas de luxo fazem sucesso no funk.

O carnavalesco Joãozinho Trinta já dizia que quem gosta de lixo é intelectual de classe alta: "pobre gosta de luxo". Renato Meireles, do Data Popular, assina embaixo: "Quem disse que quem é da classe C gosta de tomar pinga e não whisky? Quem diz isso é a elite, a classe C quer falar que gosta de whisky sim, e não tem nada de errado nisso. É reflexo da melhora que o país teve, e brasileiro gosta de celebrar isso cantando".

O documentário Funk Ostentação dá uma aula sobre o assunto. Confiram.




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