21.11.10

Identidades virtuais

Eu desconfio dessa diferenciação entre o mundo real e o mundo virtual no que se refere às nossas identidades.

Até que ponto os papéis que assumimos em espaços públicos físicos/reais correspondem ao que de fato somos? O conhecimento que temos de nós mesmos, até que ponto ele revela nosso "eu real"? Qualquer um que se deite num divã logo descobrirá de quantas fantasias é feito.

O que há de peculiar na internet, a meu ver, são os recursos mais avançados de edição do eu da persona. Eles nos permitem um "gerenciamento impressões" (Goffman) mais efetivo - podemos controlar melhor como nos representamos para nós mesmos e para os outros.

Leia também: Identidade alheia.

3 comentários:

  1. Os Sítios de Redes Sociais (SRS) permitem a construção e exposição pública não de um Eu (que é 1 instância p o indivíduo lidar com a realidade interna e/ou externa), mas de uma Persona, ou seja, a máscara que utilizamos para nos apresentar ao mundo e que existe a serviço de nossas necessidades de adaptação social. Nos SRS (e tb fora da Internet), a construção de tal máscara é consciente: qual o melhor avatar posso usar? Quais frases escrever ou não? Quais infos devo fornecer em minha bio? Quais comunidades deverei adicionar em meu perfil, não para frequentá-las de verdade, porém para que assinalem meu pertencimento a esta ou àquela tribo, a este ou àquele sistema de valores? O mesmo em relação a outros recursos como vídeos, músicas, linques, planos de fundo, cores, etc. Enfim, os SRS são excelentes para que construamos uma determinada imagem de nós mesmos, verdadeira ou falsa. Porém, se de um lado nos esforçamos *conscientemente* para construir uma imagem a mais atraente possívelm aos olhos alheios, ainda que pouco ou muito falsa, é preciso considerar, também, os aspectos inconscientes aí envolvidos. Em outros termos: podemos inconscientemente trair nossas intenções de transmitir uma determinada imagem, postando fornecendo determinadas informações a nosso respeito, que - sem que tenhamos consciência disso - traiam a imagem que tentamos construir, além de denunciá-la como falsa. Por outro lado, os SRS podem ser maravilhosos para expressarmos nossas fantasias, justamente aquelas que de modo algum condizem com a imagem que transmitimos fora da Internet e que, se o fizéssemos, poderíamos perder o emprego, o cônjuge, a reputação etc. Neste caso a Internet é mais que um lugar para exteriorizarmos nossas fantasias: é um espaço onde podemos, além disso, compartilhá-las com outras pessoas, ou seja, VIVÊ-LAS. Atrás de um perfil que não contenha nosso verdadeiro nome, nem de onde somos etc. Um perfil que prefiro chamar de "perfil-espelho" e não "perfil fake", porque, justamente, estaríamos neste caso refletindo no SRS quem verdadeiramente somos - e o fake, na verdade, seria aquele ser com o nome que consta em nosso RG, que sai de casa todos os dias para trabalhar, estuda, vai a baladas.

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  2. Assunto muito interessante.
    Compartilho com vc um vídeo do mestre Zizek sobre o assunto.
    Espero que contribua para a discussão aqui nesse blog.

    http://blog.paulohenrique.com/2009/03/29/video-the-reality-of-the-virtual/

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  3. Não é atoa que jogos como The Sims e perfis "fakes" em páginas de relacionamento, como o orkut, são tão populares.

    Como dizem alguns psicanalista ao refletir sobre nossa sociedade contemporânea ao denominá-la como sociedade do espetaculo, isso reflete os nossos gadget.

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