27.9.12

Brifando o Brasil para as marcas

Eduardo Viveiros de Castro analisa tendências sociais e culturais que afetam as marcas e o branding
Eduardo Viveiros de Castro
Marcas mais conectadas aos movimentos culturais tendem a se tornar ícones. É o que tenho argumentado repetidamente neste blog - por exemplo, ao discutir modelos de branding.

Por isso é bom que nós, publicitários e profissionais de marketing, prestemos bastante atenção às análises de antropólogos como o Eduardo Viveiros de Castro, que, em meio a uma longa entrevista, tratou de algumas tensões sociais que podem afetar muitas marcas.

O que achei mais interessante nessa sabatina?
  • A sociedade brasileira está unida por um "ufanismo oco" em torno de Copa, Olimpíadas, consumo, e empurra com a barriga questões urgentíssimas como educação e sustentabilidade.
  • A conscientização ambiental está demorando muito a se espalhar se considerarmos que o assunto está em pauta há muito tempo e pouca mudança tem acontecido de fato.
  • A questão ambiental pode garantir 20 milhões de votos à Marina Silva, mas não mobiliza o povão, pois não é apresentada em termos acessíveis e cotidianos - é preciso ser mais contundente com relação ao fato de que saneamento é problema ambiental, dengue é problema ambiental, lixão é problema ambiental.
  • "Enquanto acharmos que melhorar a vida das pessoas é dar-lhes mais dinheiro para comprarem uma televisão, em vez de melhorar o saneamento, o abastecimento de água, a saúde e a educação fundamental, não vai dar. Você ouve o governo falando que a solução é consumir mais, mas não vê qualquer ênfase nesses aspectos literalmente fundamentais da vida humana nas condições dominantes no presente século", argumenta o antropólogo.
  • No que se refere a mudança sociais, dois grandes movimentos podem ser destacados: acelera-se a difusão da cultura agro-sulista, em um processo de "branqueamento da nacionalidade", e consolida-se a cultura popular ligada ao movimento evangélico.
  • O grande desenvolvimento das redes sociais on-line é o elemento novo que pode bagunçar o coreto. Segundo Viveiros de Castro, elas "são a grande novidade na sociedade brasileira e que estão contribuindo para fazer circular um tipo de informação que não tinha trânsito na imprensa oficial, e permitindo formas de mobilização antes impossíveis [...] Se alguma grande mudança no cenário político brasileiro vier a acontecer, creio que vai passar por essa mobilização das redes". Aqui, um exemplo prático, que está nas manchetes hoje.
Leia também: Mainstream à brasileira.

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